sábado, 16 de janeiro de 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Farto!!!



Estou farto!
Estou farto da chuva; estou farto do frio; estou farto desta cidade; estou farto dos buracos nas ruas de Lisboa; estou farto do trânsito de Lisboa; estou farto do descuido dos lisboetas; estou farto da confusão e da desordem...
Mas, sobretudo, estou farto da "gentinha" que nos governa.
Neste «mood» de profundo «enfartamento», vêm-me sempre à memória dois excertos retirados de o "O Mestre de Esgrima", para mim, o melhor livro de Arturo Perez Réverte. São desabafos do «mestre»:

«Sabe qual é o problema? Encontramo-nos na última de três gerações que a História tem o capricho de repetir de quando em quando. A primeira precisa de um Deus e inventa-o. A segunda ergue templos a esse Deus e tenta imitá-lo. E a terceira utiliza o mármore desses templos para construir prostíbulos onde adorar a sua própria cobiça, a sua luxúria e a sua baixeza. E é assim que aos deuses e aos heróis sucedem sempre, inevitavelmente, os medíocres, os cobardes e os imbecis.»
[...]
«E já que fala no assunto, digo-lhe que prefiro ser governado por César ou por Bonaparte, que posso sempre tentar assassinar se não me agradarem, a ver decidirem-se as minhas preferências, costumes e companhias pelo voto do tendeiro da esquina... O drama do nosso século, don Marcelino, é a falta de génio; que só é comparável à falta de coragem e à falta de bom gosto. Isso deve-se, com certeza, à irrefreável ascenção dos tendeiros de todas as esquinas da Europa.»

Já não temos deuses, nem heróis. Sobraram-nos os mediocres, os imbecis e os tendeiros das esquinas da Europa. Tristes vão os tempos...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gettysburgh


Neste fim-de-semana (e de ano) resolvi não sair de casa, ficando a, como vulgarmente se diz, "jiboiar". E aproveitei para rever dois filmes sobre a Guerra Civil Norte-Americana, que tinha, em tempos, encomendado pela Amazon. São eles "Gods & Generals" e "Gettysburgh". Gostei mais do segundo do que do primeiro. Independemente dos aspectos técnicos e da fidelidade histórica (que me parece adequada, face às críticas que li), o que mais impressiona é a mortandade, que o conflito causou e que as obras registam. Só na batalha de Gettysburgh, que se julgava poder fazer terminar a guerra e que, na sua fase final, foi travada ao velho estilo prussiano - com os combatentes confederados, formados em linha, avançando em campo aberto contra as posições defensivas do exército federal - morreram, em 2 dias, 50.000 homens.

Quando se pensa na comoção e na angústia que, hoje em dia, suscita na opinião pública o ferimento de um elemento do exército português destacado para o Afeganistão ou a morte de um soldado inglês ou norte-americano, fica-se a meditar no que sucederia perante uma ocorrência de 50.000 baixas. Mas talvez não sucedesse nada. O poder do primeiro zero à direita de qualquer algarismo é esse de anunciar a chegada da estatística, que neutraliza toda a sensibilidade humana.