domingo, 15 de novembro de 2009

O Génio ( ou a falta dele)...


Vivemos num país cinzento e deprimente, e incapaz de sair da mediocridade. Estamos acomodados, somos (ou tornámo-nos) pequeninos, egoístas e invejosos. Já tivemos o nosso tempo de glória, mas durou pouco. No "jardim à beira-mar plantado" que fomos, vicejam hoje urtigas e ervas daninhas, que nenhum pesticida é capaz de destruir.

Mas, sobretudo no campo das artes (excepção feita dos exemplos por demais conhecidos, dos quais poucos lograram reconhecimento mundial), nunca fomos capazes de produzir obras de génio. Será uma questão genética ou uma consequência da nossa periferia geográfica, que nos coloca fora das rotas culturais da Europa? Não sei. Há quem defenda que a nossa actual situação se deve a D. Manuel I e D. João III que, ao expulsarem os judeus de Portugal no séc. XVI, minaram o campo que poderia fazer germinar uma elite cultural (e endinheirada) capaz de elevar o país a outros patamares. É uma explicação, mas não deve ser a única. Não tenho conhecimentos de antropologia para me permitam entrar nessa discussão.

Não deixo, em todo o caso, de lamentar que nunca tenhamos conseguido produzir obras de génio como aquela que acompanha o meu "desabafo". Mesmo os que não são amantes da chamada música erudita ou clássica, dificilmente deixarão de sentir uma ponta de emoção ao ouvi-la, sabendo que o compositor, que a considerava a sua melhor obra, caminhava a passos largos para a completa surdez; e de partilhar o meu desalento com a aridez musical de um povo que é todo ouvidos... para o que não interessa.

Sem comentários: